La virtualidade reconfigura novos cenários de opinião pública

Andrés Esteban Marín-Marín
Por Andrés Esteban Marín-Marín 12 lectura mínima

A comunicação está passando por um momento de transformação. É claro que, com o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), estamos migrando dos formatos analógicos para os digitais. Também as perspectivas, abordagens e pensamentos estão em constante evolução.

Essas mudanças não são alheias à comunicação pública e política. As organizações estão transmitindo uma grande quantidade de informações por meio das redes sociais virtuais, que permitem a otimização das ferramentas digitais e a democratização de conteúdos a serviço da cidadania.

No entanto, a comunicação precisa ser pensada de maneira divergente, permitindo a construção de estratégias que integrem e reconheçam o cidadão na sua diversidade.

Portanto, a massificação e proliferação das redes sociais (ênfase no mundo digital, pois o conceito de redes sociais sempre esteve presente nos processos evolutivos das espécies e suas necessidades de sobrevivência, conforme detalhado por Martín Serrano (2007) no livro Teoria da Comunicação: A comunicação, a vida e a sociedade), como ferramenta de interação dos cidadãos, tem permitido a criação de novos cenários de diálogo, participação e encontro cidadão.

Nesses espaços, ocorre reflexão, discussão, gestão de conhecimento e convocação para mobilizações em busca do bem comum.

Com a virtualidade, popularizou-se o conceito de rede social. Como Velasco (2008) afirma: «Durante nossa vida, formamos relações com pessoas que, por sua vez, se relacionam com outras que não conhecemos. Esses vínculos vão formando nossa rede social.»

Assim, as redes de encontro virtual tornaram-se cenários importantes para a participação cidadã, onde as pessoas opinam, denunciam, contribuem, constroem ou, por necessidade, desejam ser ouvidas para a possível resolução de seus conflitos ou problemas.

Para Habermas (Boladeras, 2001), que vincula a dinâmica do mundo simbólico à interação comunicativa, compreendida a partir da opinião pública, manifesta que o espaço público é o local de surgimento da opinião pública, onde há inclusão, igualdade e abertura dos cidadãos.

Da mesma forma, para o filósofo alemão, a opinião pública está intimamente relacionada ao poder e aos processos políticos.

Agora, os cidadãos, graças à evolução da Web 3.0, deixaram de ser passivos para se tornarem ativos em processos que os preocupam. A essa dinâmica, Castells (2012) e Piscitelli (2014) a apontam como promotora da Primavera Árabe, revolução e mudanças sociais que ocorreram em 2011 na Líbia, Tunísia e Egito, no norte da África.

Isso é explicado por Chavarría (2012), para quem «as redes sociais foram fortalecidas em grande parte pela crise (…) outra vantagem das redes é sua capacidade de propagar informações e ideias de maneira imediata».

Por sua vez, Habermas confirma que a «discussão pública é a única forma de superar os conflitos sociais», pois é nesses espaços que surgem ideias e debates comuns aos cidadãos para o bem coletivo.

«Sua função principal é poder abrigar uma verdadeira discussão heterogênea e simultaneamente acessível a todas as perspectivas», acrescenta o autor.

Segundo Tagua (2011), «as novas tecnologias não constituem apenas um conjunto de ferramentas, mas um ambiente – um espaço, um ciberespaço – onde ocorrem interações humanas».

O uso das redes sociais fortaleceu iniciativas sociais e a divulgação de tendências no indivíduo participante e dialogante.

Nesse mesmo sentido, Vaquerizo, Renedo e Valero (2009) concordam que a web social «dá lugar ao sujeito, usuário de seus recursos, alcançar esses saberes, a rede social dá lugar a uma transformação (…) onde a chave não é a tecnologia em si, mas os novos modos de relação entre essas novas experiências e os modos de comunicar, a conexão entre as novas interações e a potencialidade do social».

Isso é evidente, como indica Tagua, que a internet social é um lugar de encontro, onde «ocorrem interações que combinam e entrecruzam as atividades de pesquisa, comunicação, construção e expressão». A essência da rede é o social, o colaborativo.

Essa definição permite entender, como afirma García (2007), que a web social é essencialmente interativa, de aprendizado coletivo, multidirecional e livre na difusão. Os indivíduos vão construindo a própria web e, como resultado, o conhecimento.

Construção permanente de cidadania

A dinâmica da rede pode ser exemplificada pela proximidade da família, colegas de trabalho ou estudo, que, por sua vez, podem se organizar em torno de interesses ou gostos comuns.

Velasco (2008) afirma que o valor das redes sociais está na construção da confiança, pois permite entrar em contato com pessoas de outra forma inacessíveis.

Velasco também destaca que as formas atuais «permitem às pessoas fortalecer suas redes sociais», pois estas consolidam a aprendizagem colaborativa devido à troca constante de experiências.

García (2009), jornalista espanhola, afirma que a aprendizagem nas redes sociais ocorre apenas se houver motivação, pensamento crítico, compreensão das mensagens e criação de conteúdo, momentos que oferecem a possibilidade de interação, co-criação e feedback.

Os espaços virtuais de participação são comparados por Restrepo (1999) a uma praça de mercado, pois há uma grande variedade de produtos e serviços. O ciberespaço é tratado como público porque:

A ideia de público é própria do que é comum, do que nos pertence a todos, do que é de interesse geral. O público é o visível, o manifesto, o acessível. O público é o coletivo, entendido como interesse ou utilidade comum. Nada mais próximo, inclusive, do conceito de comunicação se a entendemos como a ação de tornar comum. E é que, nesse sentido, o público, a comunicação e o político cruzam caminhos, assim como cruzam caminhos o político, o público e a comunicação. Nesse sentido, tanto o público quanto a comunicação e o político procuram perceber a interação entre diferentes atores: compartilhar cenas é comum a eles; mais ainda, sem dúvida, é preciso afirmar que toda a comunicação política é pública por essência. (Botero, 2006)

Este mesmo panorama é descrito por Lozada (2011), mas no contexto das redes sociais. Ele chama o ciberespaço de «espaço público, reconhecendo-o como o lugar das mediações e manipulações midiáticas e informáticas». Da mesma forma, ele exalta suas virtudes globais: «confiabilidade, transparência, igualdade e liberdade».

Para Habermas, no espaço público, a opinião pública é construída, manipulada, deformada e ocorre a coesão social. Ele também se preocupa com o momento atual do conceito de cidadania, expressando que a diferença entre o público e o privado se diluiu pela noção de intimidade, pelo capital e pela publicidade regulamentada e manipuladora, ao ponto de afirmar que «a dinâmica social que vivemos tem traços de refuedalização da sociedade» (Boladeras, 2001).

Segundo Botero (2006), «o sentido do público representa não apenas a ordem do social, mas também a configuração do ideológico pelo interesse geral». Da mesma forma, para Lozano, «os espaços públicos democráticos se constituem como esferas de sentido, formas de comunicação».

Nunca na história da política foi possível participar como podemos fazer hoje em dia, nunca antes na história da humanidade tivemos a possibilidade de nos informar em tempo real sobre o que acontece em qualquer parte do mundo e nunca antes como hoje tivemos a opção de nos expressar de maneira individual ou conjunta sobre os fatos que mais nos dizem respeito ou nos afetam. Hoje em dia, isso pode ser feito por meio das redes. (Urrea, 2012)

Os cidadãos agora participam ativamente, expressam-se com liberdade e, ao mesmo tempo, estabeleceram novas regras de participação.

As condições já não são as mesmas: o poder já não está nos governantes, está nos indivíduos e na possibilidade da construção coletiva de políticas.

«Os paradigmas mudaram e as transformações na ação política não demoraram a acontecer. As democracias podem ser mais participativas e menos representativas…» (Urrea, 2012).

Assim, os cidadãos utilizam as ferramentas ao seu alcance. Por meio de textos, imagens, áudios e vídeos, contextualizam a partir de diferentes perspectivas, favorecem os debates, o discurso próprio, geram conhecimento, possibilitam a livre formação de opinião e vontade comum, conforme proposto por Habermas com seu Modelo de Política Deliberativa (Boladeras, 2001).

Referências

  • Boladeras, M. (2001). La opinión pública en Habermas. Análisis, 51-70. Botero Montoya, L. H. (2006). Comunicación Pública, Comunicación Política y
  • Democracia: un cruce de caminos. Revista Palabra-Clave, 7-18.
  • Chavarría Cedillo, S. (2012). La promoción de la participación ciudadana a través de redes sociales. Pluralidad y Consenso. No 18. , 57-61.
  • García Aretio, L. (2007). ¿Web 2.0 vs Web 1.0? Madrid: BENED.
  • García Sanz, A. (2009). 94 Aplicaciones educativas 2.0. Recuperado el 8 de septiembre de 2013, de http://pedablogia.wordpress.com
  • Lozada, M. (2011). Política en red y democracia virtual: la cuestión de lo público. Cultura y transformaciones sociales en tiempos de globalización 2, 133-146.
  • Martín Serrano, M. (1982). Génesis de la Comunicación. En M. Martin Serrano, J. L. Piñuel, J. García, M. A. Arias, & A. Corazón (Ed.), Teoría de la Comunicación – Epistemología y Análisis de la Referencia (Vol. VIII, págs. 18-56). Madrid: A. Corazón.
  • Restrepo Rivas, L. G. (1999). Las Tecnologías de la Información y las Comunicaciones en la Empresa. Recuperado el 7 de septiembre de 2013, de http://www.luisguillermo.com
  • Tagua, M. A. (2011). Alfabetización Informacional en el Contexto de la Web 2.0.
  • Argentina: Universidad Nacional de Cuyo.
  • Urrea Cuéllar, J. (21 de 9 de 2012). Ciberciudadanos y ciberpolítica. Recuperado el 8 de septiembre de 2013, de El Tiempo.com: http://www.eltiempo.com/blogs/
  • Vaquerizo, B., Renedo, E., & Valero, M. (2009). Aprendizaje colaborativo en grupo: Herramientas Web 2.0. España.
  • Velasco, J. (8 de 2008). Redes Sociales. Recuperado el 7 de septiembre de 2012, de http://www.ciw.cl
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Periodista, especialista en Gerencia de la Comunicación con Sistemas de Información, magíster en Comunicación, maestrando en Ciencia, Tecnología y Sociedad de la Universidad Nacional de Quilmes (Argentina), exárbitro de fútbol, Líder Catalizador de la Innovación y profe universitario.
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